Revisão para Perdição 64. Jogo para Nintendo 64, o videogame foi lançado em 31/03/1997
Em 1997, ano do lançamento do DOOM 64, as cassetes foram lenta e inexoravelmente dando lugar aos CDs e, de forma semelhante, até no campo dos videojogos assistíamos ao declínio do cartucho a favor do CD moderno. Aqueles foram os anos em que a guerra de consoles foi uma batalha de mão dupla em que PlayStation e Sega Saturn competiam por aquela fatia do mercado de fãs que, após anos de sprites de 16 bits, buscavam ferramentas mais modernas e futuristas para entrar a miríade de mundos de sonho que os videogames podem oferecer.
A Nintendo, com o sucesso ainda vivo do SNES, pretendia entrar no meio desse dualismo talvez fazendo sua maior aposta: criar um console de 64 bits, mais poderoso que seus oponentes, mas que não poderia romper com o passado - usando a justificativa do combate à pirataria - e permanecendo ancorado nos cartuchos já obsoletos.
Nintendo 64 assim chegou ao mercado e toda uma série de franquias foram transferidas para este novo poder, o que também aconteceu ao DOOM com DOOM 64, sucessor direto dos dois primeiros capítulos históricos admirado em PCs da época. A Id Software confiou a Midway a árdua tarefa de trazer o inferno para o Nintendo 64 e os resultados ainda são apreciáveis, após 22 anos. Vamos enfrentá-lo, porém, DOOM 64 permaneceu um objeto um pouco misterioso nos consoles por muito tempo, em parte porque pertencia a um gênero que era mais apreciado no PC (embora houvesse muitos outros FPSs de sucesso no N64), em parte porque muitos deles pensei que era uma espécie de reinterpretação dos famosos títulos ID de 64 bits e, finalmente, simplesmente porque muitos jogadores não tiveram a sorte de colocar as mãos no console Nintendo.
Como dissemos DOOM 64 é a sequência direta de DOOM II, tecnicamente superior ao seu antecessor graças à potência da máquina Nintendo e que hoje se torna utilizável por todos, graças à operação escolhida pela Bethesda para combinar um pedaço do passado com o novo capítulo de as séries, DOOM Eternal. Esta porta HD, porque assim é, foi confiada à Nightdive Studios que conseguiu integrar perfeitamente resoluções modernas com uma fluidez já excepcional para a época. Nosso amado fuzileiro naval é enviado aqui em uma instalação da UAC com o objetivo de erradicar as forças demoníacas que estão proliferando dentro da base abandonada. Como sempre estaremos sozinhos na frente de um exército infernal, armados até os dentes e prontos para desencadear o inferno contra as próprias criaturas que vêm dele.
O Doom Guy conta com um importante arsenal que vai dos punhos e pistolas e chega, passando pela inevitável espingarda, ao armamento mais pesado que é glorificado pelo destrutivo BFG-9000. Além de todas essas armas clássicas, encontramos o novo Unmaker, uma arma interessante com uma aparência demoníaca e capaz de emitir um único feixe e que, sem arriscar muito, acaba por ser um ancestral do canhão elétrico admirado na série Quake e do Canhão Gauss da Destruição (2016).
DOOM 64 ainda é agradável e fluido hoje, além de difícil e divertido, e apresenta inovações técnicas para a época (pense por exemplo no céu animado) que não são indiferentes. Enlouquecer por encontrar a clássica chave colorida, no labirinto de paredes que parecem todas iguais, vai estar na ordem do dia com um monstro na esquina, pronto a nos apanhar de surpresa, e que quase sempre será anunciado pelo grunhidos e bufos clássicos típicos desses inimigos bestiais. Estamos a um passo do Inferno, mas também estamos naquele meio-termo da indústria dos videogames que dos sprites, aqui decididamente melhorados, se movem para texturas mais complexas que teriam levado em produções subsequentes aos polígonos tridimensionais que teriam feito a história do FPS e muito mais.
Acompanhados de uma boa trilha sonora e de todos aqueles efeitos como explosões, tiros e gemidos típicos da série, encontraremos um vasto corolário de inimigos (quase todos aqueles presentes em Doom II: Hell on Earth) variando do fraco, mas sempre difícil Imp, até o mais pesado Mancubus e Infernal Barons. Em suma, esta operação de nostalgia é satisfatória, difícil e duradoura graças aos mais de 30 níveis compostos de chaves e inimigos ocultos, perseguições, emboscadas e assim por diante e irá deliciar tanto aqueles que cresceram nos anos noventa, mas também aqueles que amam os desafios mais complexos e aspira ao mais alto nível de satisfação em descobrir cada pequeno segredo útil a 100% do título.
DOOM 64 é uma porta HD bem feita, sem infâmia e sem elogios. As sensações e ambientes apreciados há mais de 20 anos repetem-se sem retoques ou quase. Será que a Bethesda pode levar o Nightdive Studios a ser mais ousado? Provavelmente sim, mas este Doom ainda é fluido, divertido e impermeável como é, ou seja, como foi lançado em 1997 no Nintendo 64 e muito apreciado pelos fãs. Este lançamento com sabor amarcord é ainda mais apreciável se aliado à pré-encomenda do novíssimo DOOM Eternal e completa assim um pacote capaz de garantir várias horas de entretenimento em videojogos. Mais uma vez, o Doom Guy, aqui ainda lutando com a transição de 2 para 3 dimensões que determinará o sucesso dos atiradores nos anos seguintes, está pronto para destruir o Inferno.
► Doom 64 é um jogo do tipo Shooter desenvolvido pela Midway Games Id Software e publicado pela Midway Games para Nintendo 64, o videogame foi lançado em 31/03/1997